(...) E sabes porque não digo que os amo? Porque sei que vou acabar por perdê-los. Acaba sempre assim. Não é que eu escolha não amar, apenas escolho ser forte. Eu chamo a isso instinto de sobrevivência.
Amar não é fácil. É quase que irónico a vida. Ela nos ensina coisas de formas que os professores não nos ensinam na escola. Acontece, apaixonamos por uma pessoa. Ninguém escolhe. Mas é difícil amar uma pessoa que não sente o mesmo.
Aquela sensação de que ela é tua para nós, vamos para a cama a pensar que amanhã poderemos vê-la outra vez. Faríamos tudo por ela, porque ela faz parte de nós. Queremos protegê-la do mundo, limpar-lhe as lágrimas, fazer-lhe rir e mostrar-lhe que existe alguém que se importa com ela.
O facto é que um dia percebemos que nunca a poderemos ter, o coração dela tem dono. Percebemos que não a podemos obrigar a amar, mas também não podemos ficar presos a algo que não existe. Afastamo-nos porque por mais feliz que ela nos faz sentir, nada daquilo é real.
Um dia ela é tudo na nossa vida, no outro dia não é nada, um dia o nosso coração que batia por ela já não bate por ninguém. Dói não vê-la, dói não ouvi-la ou saber se está bem. Então chega a um ponto em que a dor é insuportável, só queremos ser felizes, porque merecemo-lo também. Deixamos de sentir e passamos a fingir que nada daquilo nos foi importante, que só passaram de boas memórias do passado, fingimos que o que sentimos por ela nada passou de uma partida do nosso coração e esperamos que isso se torne verdade um dia.
Talvez um dia te esqueça, ou melhor, consiga viver sem ti ou já não chore mais ao sentir a tua falta.
Eu te amo demais. E se você ama alguém, deixe-a livre. E se voltar, então é sua.
Eu te amo, e eu vou sempre te amar. Mas eu não te quero amar. Eu quero ser feliz.
Um dia, quando quiseres esquecer alguém, não é só preciso ela te odiar, tu vais perceber que precisas de odiá-la também, porque sempre que a lembrares vais lembrar da miúda pela qual te apaixonaste um dia.
Eu vou continuar a viver, assim do meu jeito. É nestas alturas que mais me prazer dá escrever, quando todas as emoções estão à flor da pele, quando nos apetece gritar no alto da montanha para todos oiçam, mas é difícil escrever com toda a nossa cabeça numa confusão de sentimentos. Escrevemos sem qualquer clareza ou rumo, sem qualquer sentido.
Eu vou trabalhar, vou rir, divertir, vou ouvir as reclamações do meu chefe abanando sempre a cabeça para que se cale. Não vou viver à procura de amor, já sou feliz. Tenho uma família que me apoia em todas as decisões, com eles posso contar em todos os momentos, mesmo nos piores momentos, em que só me apeteça um abraço.
Não preciso que alguém me diga "amo-te" só para me sentir vivo. Não preciso de uma mulher ao meu lado para ser feliz, quando já o sou. Vou continuar a ser assim, sempre sorridente, cheio de esperanças, sempre com soluções. Vou ser forte quando as ocasiões assim o exigirem e depois mais tarde rir-me-ei dessas recordações. Eu vou continuar a ser assim, um sonhador, um menino cheio de sonhos.
Lembro-me como se fosse hoje..
Os meus dedos percorriam a face do teu rosto, desenhando linhas, procurando por algo. Como um pirata procurando mais um tesouro para saquear, ou o poeta procurando as palavras certas para descrever a sua musa; ao mesmo tempo que o navegador traçava a sua rota para chegar ao seu destino. Continuava procurando, conhecer a tua essência, algo pela qual me fez apaixonar por ti, conhecer-te verdadeiramente e não quem aparentas ser.
Meus dedos entrelaçavam com os teus longos cabelos castanhos, lembrando-me dos dias de verão passeando no prado. As minhas mãos ainda que relaxadas paralelamente ao meu corpo tocavam na erva alta que lá insistia em crescer, sentindo a erva passar por entre os meus dedos.
Insistindo, aproximei a minha cabeça junto do teu pescoço e sinti, aquele teu cheiro familiar, o teu aroma. E em teus olhos procurei verdade e nada mais.
Reparei também nos teus lábios, toquei-os e senti-os, fazendo-me lembrar rosas, aqueles teus lábios sedutores, provocantes e vermelhos de paixão. E num piscar de olhos e num cruzar de olhares vi finalmente pelo que procurava.
Então o pirata encontrou o seu tesouro, o poeta finalmente encontrou a sua inspiração e o navegador finalmente encontrou o caminho que tanto observava no mapa. Aquele teu sorriso que tanto tentavas esconder de mim, aquilo pelo que me fez apaixonar por ti pela primeira vez que te vi, naquela manhã de Primavera.
"I love you without knowing how, or when, or from where. I love you straightforwardly without complexities or pride. I love you because I know no other way then this. So close that your hand, on my chest, is my hand. So close, that when you close your eyes, I fall asleep."
- From Patch Adams